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Código de Defesa do Consumidor de Produtos Bancários

O Banco Central publicou no dia 30 de julho deste ano a Resolução 2878. O documento institui um código que descreve os deveres das instituições bancárias e os seus direitos enquanto cliente, criando um padrão de atendimento para as instituições e agências bancárias brasileiras.

Um dos pontos chave do código dita a forma com que deverão ser atendidos os portadores de necessidades especiais. Desde 1996, com as reformas das agências, a Caixa vem adaptando suas instalações no sentido de facilitar o acesso a esse público. E isto é apenas um exemplo. Com relação às demais exigências, a Caixa já está adotando grande parte delas, uma vez que sempre orientou e defendeu o atendimento aos clientes com atenção e respeito a seus direitos.

Veja abaixo a Resolução 2878 do Banco Central do Brasil, atualizada com a redação dada pela Resolução 2892, de 27 de setembro deste ano, e conheça os seus direitos.

 

Resolução CMN 2.878/012878

 

Atualizada com redação dada pela Resolução 2.892, de 27/09/2001.

Dispõe sobre procedimentos a serem observados  pelas instituições financeiras  e  demais  instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do  Brasil  na contratação de operações e na prestação de serviços aos clientes e ao publico em geral.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9. da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de  1964,  torna  público  que  o  CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em  26 de julho de 2001, com base no art. 4., inciso VIII, da referida lei, considerando o disposto na Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, e na Lei n. 6.099, de 12 de setembro de 1974,

 

Resolveu:

Art. 1. Estabelecer que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo  Banco  Central  do  Brasil, na contratação de operações e na prestação de serviços aos clientes e ao  público em geral,  sem prejuízo da observância das demais disposições legais e regulamentares  vigentes e aplicáveis ao Sistema  Financeiro Nacional, devem adotar medidas que objetivem assegurar:

I - transparência nas relações contratuais, preservando  os clientes e o público usuário de práticas  não  eqüitativas,  mediante prévio e integral conhecimento das cláusulas contratuais, evidenciando, inclusive, os dispositivos que  imputem responsabilidades e penalidades;

II - resposta tempestiva às consultas, às reclamações e aos pedidos de informações formulados por clientes e público usuário,  de modo a sanar, com brevidade e eficiência, dúvidas relativas aos  serviços prestados e/ou oferecidos, bem como às  operações  contratadas, ou decorrentes de publicidade transmitida por meio de quaisquer  veículos institucionais de divulgação, envolvendo, em especial:

a) cláusulas e condições contratuais;

b) características operacionais;

c) divergências na execução dos serviços;

III - clareza e formato que permitam fácil leitura dos contratos celebrados com clientes, contendo identificação de prazos, valores negociados, taxas de juros, de mora e de administração,  comissão de permanência, encargos moratórios, multas por inadimplemento e demais condições;

IV - fornecimento aos clientes de cópia impressa, na dependência em que celebrada a operação, ou em meio eletrônico, dos contratos, após formalização e adoção de outras providências que se fizerem necessárias, bem como de recibos, comprovantes de pagamentos e outros documentos pertinentes às operações realizadas;

V - efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, causados a seus clientes e usuários.

Art. 2. As instituições referidas no art. 1. devem colocar disposição dos clientes, em suas dependências e nas dependências dos estabelecimentos onde seus produtos forem negociados, em local e formato visíveis:

I - informações que assegurem total conhecimento  acerca das situações que  possam implicar  recusa na  recepção de documentos (cheques, bloquetos de cobrança, fichas de compensação e outros) ou na realização de pagamentos, na forma da legislação em vigor;

II - o número do telefone da Central de Atendimento ao Público do Banco Central do Brasil, acompanhado da observação de que o mesmo se destina ao atendimento a denúncias e reclamações, além  do número do telefone relativo a serviço de mesma natureza, se por elas oferecido;

III - as informações  estabelecidas pelo art. 2. da Resolução 2.303, de 25 de julho de 1996." (NR);

Parágrafo único. As instituições referidas no caput devem  afixar, em suas dependências, em local e formato visíveis, o número do telefone da Central de Atendimento ao Publico do Banco Central do

Brasil, acompanhado da observação de que o mesmo se destina ao atendimento a denúncias e reclamações, além do número do telefone relativo ao serviço de mesma natureza, se por elas oferecido.

Art. 3. As instituições referidas no art. 1. devem evidenciar para os clientes as condições contratuais e as decorrentes de  disposições regulamentares, dentre as quais:

I - as responsabilidades pela emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos;

II - as situações em que o correntista será inscrito no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF);

III - as penalidades a que o correntista está sujeito;

IV - as tarifas cobradas pela instituição, em especial aquelas relativas à:

a) devolução de cheques sem suficiente provisão de fundos ou por outros motivos;

b) manutenção de conta de depósitos;

V - taxas cobradas pelo executante de serviço de compensação de cheques e outros papéis;

VI - providências quanto ao encerramento da conta de depósitos, inclusive com definição dos prazos para sua adoção;

VII - remunerações, taxas,  tarifas,  comissões,  multas  e quaisquer outras cobranças decorrentes de contratos  de  abertura  de crédito, de cheque especial e de prestação de serviços em geral.

Parágrafo único. Os contratos de cheque especial, além  dos dispositivos referentes aos direitos e as obrigações pactuados, devem prever as condições para a renovação, inclusive do limite de crédito, e para a rescisão, com indicação de prazos, das tarifas incidentes  e das providências a serem adotadas pelas partes contratantes.

Art. 4. Ficam as instituições referidas no art. 1. obrigadas a dar cumprimento a toda informação ou publicidade que veicularem, por qualquer forma ou meio de comunicação, referente a contratos, operações e serviços oferecidos ou prestados, que devem inclusive constar do contrato que vier a ser celebrado.

Parágrafo único. A publicidade de que trata o caput deve ser veiculada de tal forma que o público possa  identificá-la  de  forma simples e imediata.

Art. 5. E vedada às instituições referidas no art. 1. a utilização de publicidade enganosa ou abusiva.

Parágrafo único. Para os efeitos do disposto no caput:

I - é enganosa qualquer modalidade de informação ou  comunicação capaz de induzir a erro o cliente ou o usuário, a respeito   da natureza, características, riscos, taxas, comissões, tarifas ou  qualquer outra forma de remuneração, prazos, tributação  e  quaisquer  outros dados referentes a contratos,  operações ou  serviços  oferecidos ou prestados.

II - é abusiva, dentre outras, a publicidade  que  contenha discriminação de qualquer natureza, que prejudique a  concorrência ou que caracterize imposição ou coerção.

Art. 6. As instituições referidas no art. 1., sempre que necessário, inclusive por solicitação dos clientes ou usuários, devem comprovar a veracidade e a exatidão da informação divulgada ou da publicidade por elas patrocinada.

Art. 7. As instituições referidas no art. 1., nas operações de crédito pessoal e de crédito direto ao consumidor, realizadas com seus clientes, devem assegurar o direito à liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros.

Art. 8. As instituições referidas no art. 1. devem utilizar terminologia que possibilite, de forma clara e inequívoca, a identificação e o entendimento das operações realizadas, evidenciando valor, data, local e natureza, especialmente nos seguintes casos:

I - tabelas de tarifas de serviços;

II - contratos referentes a suas operações com clientes;

III - informativos e demonstrativos de movimentação de conta de depósitos de qualquer natureza, inclusive  aqueles  fornecidos  por meio de equipamentos eletrônicos.

Art. 9. As instituições referidas no art. 1. devem estabelecer em suas dependências alternativas técnicas, físicas  ou  especiais que garantam:

I - atendimento prioritário para pessoas portadoras de deficiência física ou com mobilidade reduzida, temporária  ou  definitiva, idosos, com idade igual ou superior a sessenta e cinco  anos,  gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por criança de colo, mediante:

a) garantia de lugar privilegiado em filas;

b) distribuição de senhas com numeração adequada ao  atendimento preferencial;

c) guichê de caixa para atendimento exclusivo; ou

d) implantação de outro serviço de atendimento personalizado;

II - facilidade de acesso para pessoas portadoras de deficiência física ou com mobilidade  reduzida,  temporária  ou  definitiva, observado o sistema de segurança previsto na legislação  e  regulamentação em vigor;

III - acessibilidade aos guichês de caixa e aos terminais de auto atendimento, bem como facilidade de circulação  para  as  pessoas referidas no inciso anterior;

IV - prestação de informações sobre seus procedimentos  operacionais aos deficientes sensoriais (visuais e auditivos).

Parágrafo 1. Para fins de cumprimento do disposto nos  incisos II e III, fica estabelecido prazo de 720 dias,  contados  da  data da entrada em vigor da regulamentação da Lei n. 10.098, de 19  de  dezembro de 2000, as instituições referidas no art. 1.,  para  adequação de suas instalações.

Parágrafo 2. O início de funcionamento  de  dependência   de instituição financeira fica condicionado ao cumprimento  das  disposições referidas nos incisos II e III, após a regulamentação  da  Lei nº 10.098, de 2000.

Art. 10. Os dados constantes dos cartões magnéticos emitidos pelas instituições referidas no art. 1. devem ser obrigatoriamente impressos em alto relevo, para portadores de deficiência visual.

Art. 11. As instituições referidas no art. 1. não podem estabelecer, para portadores de deficiência e para idosos, em decorrência dessas condições, exigências maiores que as fixadas para os demais clientes, excetuadas as previsões legais.

Art. 12. As instituições referidas no art. 1. não podem impor aos deficientes sensoriais (visuais e auditivos) exigências diversas das estabelecidas para as pessoas não portadoras de deficiência, na contratação de operações e de prestação de serviços.

Parágrafo único. Com vistas a assegurar o conhecimento pleno dos termos dos contratos, as instituições devem:

I - providenciar, na assinatura de contratos com portadores de deficiência visual, a não ser quando por eles dispensadas, a leitura do inteiro teor do referido instrumento, em voz alta, exigindo, mesmo no caso de dispensa da leitura, declaração do contratante de que tomou conhecimento dos direitos e deveres das partes envolvidas, certificada por duas testemunhas, sem prejuízo da adoção, a seu critério, de outras medidas com a mesma finalidade;

II - requerer, no caso dos deficientes auditivos, a leitura, pelos mesmos, do inteiro teor do contrato, antes de sua assinatura.

Art. 13. Na execução de serviços decorrentes  de convênios, celebrados com outras entidades pelas instituições financeiras, é vedada a discriminação entre clientes e não-clientes,  com  relação  ao horário e ao local de atendimento.

Parágrafo único. Excetuam-se da vedação de que trata o  caput:

I - o atendimento prestado no interior de empresa ou outras entidades, mediante postos de atendimento, ou em instalações não  visíveis ao publico;

II - a fixação de horários específicos ou  adicionais  para determinados segmentos e de atendimento separado ou diferenciado, inclusive mediante terceirização de serviços ou sua prestação em parceria com outras instituições financeiras, desde que adotados critérios transparentes.

Art. 14. É vedada a adoção de medidas administrativas relativas ao funcionamento das dependências das instituições referidas no art. 1. que possam implicar restrições ao acesso às áreas daquelas destinadas ao atendimento ao publico.

Art. 15. As instituições referidas no art. 1. é vedado negar ou restringir, aos clientes e ao publico usuário,  atendimento  pelos meios convencionais, inclusive guichês de caixa, mesmo na hipótese de atendimento alternativo ou eletrônico.

Parágrafo 1. O disposto no caput não se aplica as dependências exclusivamente eletrônicas.

Parágrafo 2. A prestação de serviços por meios alternativos  aos convencionais é prerrogativa das instituições referidas no caput, cabendo-lhes adotar as medidas que preservem a integridade, a confiabilidade, a segurança e o sigilo das  transações  realizadas,   assim como a legitimidade dos serviços prestados,  em face dos direitos dos

clientes e dos usuários, devendo, quando for o caso,  informá-los dos riscos existentes.

Art. 16. Nos saques em espécie, de valores acima de R$5.000,00 (cinco mil reais), realizados em conta de depósitos à vista, as instituições poderão postergar a operação para o expediente seguinte, vedada a utilização de tal faculdade nos saques de valores inferiores ao estabelecido.

Parágrafo único. Na hipótese de saques de valores  superiores a R$5.000,00 (cinco mil reais), deve ser feita solicitação  com antecedência de quatro horas do encerramento do expediente, na agência em que o correntista mantenha a conta sacada.

Art. 17. É vedada a contratação de quaisquer operações condicionadas ou vinculadas a  realização  de  outras  operações  ou  a aquisição de outros bens e serviços.

Parágrafo 1. A vedação de que trata o caput aplica-se, adicionalmente, as promoções e ao oferecimento de produtos e serviços ou a quaisquer outras situações que impliquem elevação  artificiosa  do preço ou das taxas de juros incidentes sobre a operação de interesse do cliente.

Parágrafo 2. Na hipótese de operação que implique, por força de contrato e da legislação em vigor, pacto adicional de outra operação, fica assegurado ao contratante o direito de livre escolha da instituição com a qual deve ser formalizado referido contrato adicional.

Parágrafo 3. O disposto no caput não impede a previsão contratual de débito em conta de depósitos como meio exclusivo de  pagamento de obrigações.

Art. 18. Fica vedado às instituições referidas no art. 1.:

I - transferir automaticamente os recursos de conta de depósitos à vista e de conta de depósitos de poupança para qualquer  modalidade de investimento, bem como realizar qualquer outra operação  ou prestação de serviço sem prévia autorização do cliente ou do usuário, salvo em decorrência de ajustes anteriores entre as partes;

II - prevalecer-se, em razão de idade, saúde,  conhecimento, condição social ou econômica do cliente ou do usuário, para  impor-lhe contrato, cláusula contratual, operação ou prestação de serviço;

III - elevar, sem justa causa, o valor das  taxas,  tarifas, comissões ou qualquer outra forma de remuneração de operações ou  serviços ou cobrá-las em valor superior ao estabelecido  na  regulamentação e legislação vigentes;

IV - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do  legal ou contratualmente estabelecido;

V - deixar de estipular prazo para  o  cumprimento  de  suas obrigações ou deixar a fixação do termo inicial a seu exclusivo critério;

VI - rescindir, suspender ou cancelar contrato, operação  ou serviço, ou executar garantia fora das hipóteses legais ou contratualmente previstas;

VII - expor, na cobrança da dívida, o cliente ou o usuário a qualquer tipo de constrangimento ou de ameaça.

Parágrafo 1. A autorização referida  no  inciso  I  deve ser fornecida por escrito ou por meio eletrônico, com estipulação  de prazo de validade, que poderá ser indeterminado, admitida a  sua previsão no próprio instrumento contratual de abertura da conta de depósitos.

Parágrafo 2. O cancelamento da autorização referida no inciso I deve surtir efeito à partir da data definida pelo cliente, ou na sua falta, a partir da data do recebimento pela  instituição financeira do pedido pertinente.

Parágrafo 3. No caso de operação ou serviço sujeito a regime de controle ou de tabelamento de tarifas ou de taxas,  as instituições referidas no art. 1. não podem exceder os  limites  estabelecidos, cabendo-lhes restituir as quantias  recebidas  em  excesso,  atualizadas, de conformidade com as normas legais aplicáveis, sem  prejuízo  de outras sanções cabíveis.

Parágrafo 4. Excetuam-se das vedações de que trata este artigo os casos de estorno necessários à correção de lançamentos indevidos decorrentes de erros operacionais por parte da instituição financeira, os quais deverão ser comunicados ao cliente, no prazo de até dois dias úteis após a referida correção.

Art. 19. O descumprimento do disposto nesta Resolução sujeita a instituição e os seus administradores  às  sanções  previstas  na legislação e regulamentação em vigor.

Art. 20. Fica o Banco Central do Brasil autorizado a:

I - baixar as normas e a adotar as medidas julgadas necessárias a execução do disposto nesta Resolução, podendo inclusive   regulamentar novas situações decorrentes do relacionamento entre as   pessoas físicas e jurídicas especificadas nos artigos anteriores;

II - fixar, em razão de questões operacionais, prazos  diferenciados para o atendimento do disposto nesta Resolução.

Art. 21. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 22. Ficam revogados o Parágrafo 2. do art. 1. da  Resolução n. 1.764, de 31 de outubro de 1990, com redação dada pela  Resolução n. 1.865, de 5 de setembro de 1991, a Resolução n. 2.411,  de 31 de julho de 1997, e o Comunicado n. 7.270, de 9 de fevereiro de  2000.

 

Brasília, 26 de julho de 2001 - Carlos Eduardo de Freitas  - Presidente Interino


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