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Pedágio

Atualmente, 9.500 km de estradas estaduais e federais estão sob responsabilidade da iniciativa privada. Isso representa aproximadamente 6% dos 160.000 km de estradas pavimentadas do Brasil. Apesar da porcentagem ser relativamente pequena, a importância é enorme, já que entre as estradas privatizadas estão as principais rodovias do país, que passam pelos grandes centros econômicos do Brasil. Essas empresas, em troca do pedágio, cuidam da conservação e sinalização das rodovias, além de fornecerem outros serviços adicionais previstos no contrato de concessão.

 

Esses serviços adicionais, que são de atendimento mecânico, socorro médico, instalação de cabines telefônicas a cada quilômetro, reaparelhamento da Polícia Rodoviária e conservação de outras estradas sem cobrança de pedágio, representam um aumento de cerca de 5% no valor final do pedágio. Países como os Estados Unidos, que exigem apenas o guinchamento do veículo até o acostamento da rodovia e cabines telefônicas a cada 1,5 km, acabam conseguindo manter um preço mais baixo do que no Brasil, isso proporcionalmente ao padrão de vida do país.

 

Os condutores de automóveis sentiram no bolso as conseqüências da privatização das rodovias. Os motoristas estão achando caro o valor da tarifa, que chega, em média, a R$ 4,00 a cada 100 quilômetros estrada. Também os caminhoneiros não estão satisfeitos com as tarifas, alegando que o pedágio representa 33% dos gastos com frete.

 

Apesar das reclamações, este sistema tem se mostrado bem mais eficiente que o anterior. O dinheiro para conservação das estradas era arrecadado através de impostos sobre a gasolina e sobre o preço dos automóveis. Desse modo, todos repartiam a despesa, mesmo que não utilizassem as rodovias. Ninguém sentia tanto no bolso, pois os impostos estavam diluídos no valor da gasolina e dos automóveis, e ninguém lembrava a quantidade exata que gastava com a conservação das estradas. A parte ruim da história é que, no final das contas, nem sempre as estradas recebiam os recursos arrecadados para sua conservação. Então, o motorista não percebia que estava pagando, mas também não tinha as estradas bem conservadas.

 

Com a privatização das rodovias, quem paga pela conservação é o próprio usuário, o que é mais justo. A cobrança é direta, causando maior impacto. Em compensação, o sistema funciona, as estradas ficam mais bem conservadas, sem buracos e, conseqüentemente, mais seguras. Com tudo isso, ganha o motorista que acaba por economizar na manutenção do seu veículo. No caso dos caminhoneiros, que alegam que o pedágio aumenta o valor do frete, cálculos mostram que estradas mal conservadas causariam um aumento de 76% no preço final do frete, devido a futuras despesas com a manutenção do caminhão.

 

É certo que o pedágio não é a única e pode não ser a melhor maneira de conservar as rodovias, mas é uma das mais eficientes, principalmente num país como o Brasil, onde a administração das verbas arrecadadas pelo governo não é bem planejada e nem sempre cumpre sua destinação.


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